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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Vamos falar sobre comida...

Comida é uma das necessidades primárias, e uma das maiores dores de cabeça pra algumas pessoas, principalmente quando estão começando a acampar... Conosco não foi diferente.
Claro que pesquisamos bastante, e assistimos a vídeos e dicas do pessoal mais experiente. Mas cometemos nossos próprios erros e temos nossas conclusões (até então) sobre o tema.
Alguns aspectos são fundamentais na hora de se pensar as refeições e o que levar:
- Número de pessoas (e o quanto elas comem!);
- Quantidade de dias/noites;
- Consequentemente, quantidade de refeições (jantas, almoços, cafés, lanches, etc);
- Distância/tempo/dificuldade de trilha;
- Recursos do local (quanto a armazenamento ou possibilidade de refrigeração);
- Peso e volume;
- Tempo e dificuldade de preparo da refeição;
- Quantidades e porções.
Bem, há outras variáveis, mas costumamos trabalhar com estas.
Eu tenho uma dificuldade imensa em lembrar das coisas, além de uma fortíssima tendência a me esquecer de itens fundamentais, de roupas a equipamentos quando estou arrumando as coisas. Por este motivo, desenvolvi três planilhas que são meu norte na hora de organizar os acampamentos. A primeira trata das roupas, kits, utensílios e itens diversos; a segunda especifica o conteúdo dos kits e suas quantidades (como medicamentos, partes do kit fogo, etc); e a terceira trata das refeições. Estas planilhas são preenchidas e verificadas durante a semana que antecede a empreitada, e damos sempre o último check na noite anterior.
Mais pra frente vou mostrar todas as planilhas, mas esta postagem tratará somente da terceira, a da comida.
No topo da planilha, colocamos as informações básicas, como quantidade de pessoas, dias, noites, local, data. Depois, tem uma parte específica que trata do café da manhã, até por serem ingredientes recorrentes. E então temos as refeições em si. Ali eu gosto de especificar todos os ingredientes em suas quantidades aproximadas para aquela refeição, como podem ver no exemplo. Vou listando as refeições e, ao final, tenho a quantidade total dos ingredientes. É nesta parte, geralmente, que paramos pra ver se o peso e o volume do que planejamos levar está adequado à situação do acampamento. É onde vemos se não seria melhor substituir alguma coisa por algo mais leve ou se podemos levar alguma outra coisa mais pesada... Tudo depende e varia em cada acampamento.
Agora vamos falar um pouco sobre cada refeição.
CAFÉ DA MANHÃ:
Para o café da manhã, por uma escolha nossa, utilizamos café solúvel. Há quem prefira levar o pó de café e o aparato para coar e tal. Mas nós não fazemos questão. Como essa é a primeira refeição do dia, e geralmente é muito cedo, só o café não sustenta por muito tempo, então sempre optamos por algum acompanhamento. Em geral, fazemos bannock (ou pão de caçador) ou a panqueca nordestina, chamada bruaca (uma versão simplificada e em formato achatado e sem fermento do bolinho de chuva). O primeiro é salgado, a segunda é doce. O primeiro é um pouco mais complicado de fazer, a segunda é fácil.
Claro que podemos levar opções prontas, como pães ou biscoitos. Vai do gosto, da disponibilidade de espaço e tempo de cada um.
Também levamos leite em pó de vez em quando.
LANCHES:
Os lanches são importantes, principalmente nos períodos entre as refeições principais e na trilha. Nossas opções são geralmente barras de cereal e/ou de proteína, frutas, biscoitos, porções de amendoim ou mix de frutas secas e castanhas...
REFEIÇÕES PRINCIPAIS (almoço e janta):
Aí temos a maior gama de opções. Desde enlatados, comidas liofilizadas (desidratadas), refeições prontas, etc.
- Liofilizada: Ainda não pudemos usar comida desidratada por não termos acesso direto à compra desses itens aqui em Porto Alegre, a não ser via internet.
- Refeições prontas nós já experimentamos algumas vezes, como os pratos da Alimentação Pronta (veja o site), e também versões de risotos prontos de marcas como Uncle Ben's, entre outras. A grande jogada desse tipo de refeição está, claro, na praticidade, pois basta aquecer em banho maria e comer, ou até comer fria mesmo, em caso de emergência. E são pratos mais elaborados, que não temos como fazer no meio do mato. Em geral o peso não é problema. Mas o preço já é mais salgado, tendo o custo médio de uns dez a quinze reais.
- Enlatados são uma opção tanto para acampamento como para estoque, devido a sua validade usualmente extensa. Mas pra mim, o contraponto está na quantidade acima do ideal de sódio, no peso e volume das latas, e também no sabor, que tende a ser mais artificial (pro meu gosto). Dentre os enlatados mais comuns (e por enlatados entenda-se também as embalagens de caixinha), costumamos usar sardinhas, atum em óleo, para usar o próprio óleo como combustível para fazer um arroz, por exemplo, grão de bico, seletas de legumes. Algumas vezes até compramos outros, como feijoadas, dobradinhas, almôndegas, mas estas já entram naquela categoria do excesso de peso e sal, então evito um pouco.
- Grãos, cereais e farinhas são as opções mais leves (em termos de peso mesmo) que costumamos levar. E são as principais fontes de carboidratos. Arroz, polenta, farinha de trigo, sempre estão na nossa bagagem de alimentos. E também são versáteis em suas combinações. Claro que exigem acompanhamentos, que virão abaixo.
- Carnes, gorduras, proteína são os acompanhamentos mais comuns que usamos. Bacon e linguiça (colonial ou defumada) estão sempre presentes, porque conseguimos comprar em quantidades relativamente pequenas, e já embalados, sem necessidade de refrigeração. O charque também é uma opção, mas exige mais cuidado e demora no preparo, devido ao processo de remoção do excesso de sal (que pode comprometer seriamente a refeição inteira se não for feito com atenção).
Já encontramos opções de carnes prontas, desfiadas e embaladas à vácuo, mas ainda não achamos embalagens num tamanho satisfatório pra levar pro mato. Normalmente são pacotes de mais de meio quilo.
Quanto a carnes em geral, que necessitem refrigeração, podem ser usadas se a trilha for realmente muito curta, e em temperatura amena, ou se você tiver condições de leva-la em algum recipiente térmico, e o ideal é que sejam consumidas na primeira refeição, pois, pelo menos no nosso caso, acampamos em locais mais isolados, sem possibilidade de conservação desse tipo de alimento.
Claro que se você vai acampar próximo a um lugar em que haja a possibilidade de pescar, um peixinho fresco tem todo o seu valor...
- Outros itens como cebola, ovos, e outros incrementos também são eventualmente elencados, assim como batata ou outra coisa que caia bem quando assada diretamente na brasa.
- Temperos em geral nós levamos em um kit específico. O nosso, atualmente, contém sal, orégano, pimenta do reino, coentro, tempero misto de cebola, alho e salsa, e duas garrafinhas (tamanho de dose única de uísque) com óleo de soja e azeite de oliva.
QUANTIDADES E PORÇÕES:
É importante que você tente aproximar ao máximo a quantidade que vai levar de cada coisa do que vai ser consumido. Pra isso eu uso a planilha, anotando o que vai em cada refeição e quanto vai.
Além disso, costumo separar as porções que serão usadas em cada refeição, até pra facilitar o manuseio e aumentar a praticidade na hora de cozinhar. Saquinhos zip-lock são bem úteis nessa hora. Nós usamos um tamanho de 8 x 14 cm pra colocar coisas como arroz, polenta... Cabe cerca de uma xícara e meia dentro dele.
TEMPO E DIFICULDADE DE PREPARO:
Isso também é relativo. Você pode ir acampar estando disposto a brincar de Master Cheff do mato. Ou você pode preferir perder o mínimo de tempo possível preparando o que comer. É uma questão de escolha e de situação.
PESO E VOLUME:
Também estão relacionados, diretamente, com aquela questão do tempo de trilha e do próprio volume e peso das coisas que você já está levando, do seu equipamento. É interessante evitar de levar muitas opções de refeição pesada. Costumamos deixar apenas uma refeição com ingredientes mais pesados (como batata, por exemplo), e preferimos não levar mais do que um enlatado, deixando o foco das outras refeições para os cereais e grãos, como já falei acima.

Bem, creio ter abordado os aspectos mais importantes em relação a esse quesito.
Espero que seja útil pra vocês.
Quaisquer críticas ou sugestões, comentem, por favor.
Abaixo, segue o vídeo em que falo sobre o tema.


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

As evoluções e por que é sempre bom mostrá-las

Estava dando uma olhada no canal do youtube, e em algumas das minhas postagens no Fórum Bushcraft Brasil (que, aliás, está oficialmente reaberto para novos membros!! Inscreva-se e venha aprender e contribuir com outros mateiros!), e percebi o quanto eu já postei atualizações de kits e utensílios. Parei pra olhar os primeiros vídeos, e comparei as escolhas que fiz na época com as que faço hoje (e que, certamente, não serão mais as mesmas já daqui a algum tempo).
Mas o que mais me chamou a atenção foi que, pras coisas que eu faço quando vou acampar, aqueles primeiros kits ainda seriam satisfatórios... Ao mesmo tempo que percebo o quanto aprendi e o quanto estou mais preparada e equipada agora.
Entendo que o caminho natural seja esse: sabemos pouco, não sabemos direito o que levar e como levar, depois vamos aprendendo e os kits aumentam, ficam mais completos, robustos. Ficamos mais preparados... E então, depois de um tempo olhamos pra tudo aquilo e acabamos chegando a uma conclusão estranha: não precisamos mais de tanto!
Ainda não estou nessa fase, importante dizer. Ainda estou na parte de melhorar os kits e me preparar. Mas falei essas coisas porque percebo essa tendência natural dentre os amigos mateiros.
Sempre começamos meio desajeitados e com poucos e talvez até ruins equipamentos. Então aprendemos a escolher e comprar (e fazer!), estudamos e aprendemos usos e alternativas... Daí, com a prática, chega naturalmente o momento em que já não vamos precisar de tanta coisa. E acredito que esse seja o momento mais importante, o que todo mateiro almeja: a "liberdade de utensílios", quando o conhecimento está acima das ferramentas em um nível que conseguimos enxergar, encontrar e produzir muito daquilo que vamos utilizar, da própria natureza.
Claro que isso acaba sendo até natural para alguns que já tem o contato com técnicas primitivas desde cedo, seja através do conhecimento passado no convívio familiar, ou pela própria experiência de vida. Porém, para pessoas como eu, nascidas e criadas nos centros urbanos, a prática e o conhecimento só chegam através da busca e do esforço. E claro que a falta de um local e de tempo também são freios da prática mateira. Vamos nos virando como dá, treinando em ambientes controlados e passando semanas, dias, meses, sonhando com a hora de poder desligar o botão da cidade e passar uns dias no silêncio da mata.
Enfim, voltando ao título do post, acho importante que a gente sempre registre, divida com outras pessoas as nossas experiências e evoluções (acertos e erros), porque assim conseguimos ter, no futuro, a dimensão da nossa própria evolução. Gosto de olhar meus primeiros vídeos. Gosto de pensar que hoje eu sei muito mais do que naquela época... Mas o que gosto mesmo é de ver os vídeos dos mestres e daqueles que me inspiram a aprender ainda mais. Sigo com o objetivo de praticar, aprender e melhorar, para que daqui a algum tempo eu olhe pras coisas que faço hoje e também sinta que sigo evoluindo.